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Escore CHA2DS2-VASc em Pacientes com Ritmo Sinusal Hospitalizados

O escore CHA2DS2-VASc é usado para  estratificação de risco de eventos tromboembólicos apenas em pacientes com fibrilação atrial. Um estudo recente, porém, sugere que esta ferramenta pode ser útil, também, para pacientes com insuficiência cardíaca e ritmo sinusal.

O estudo publicado no European Journal of Heart Failure avaliou dados de um registro multinacional de pacientes com insuficiência cardíaca internados, sem uso de anticoagulantes e com ritmo sinusal. A amostra foi de 136545 pacientes.

O risco de tromboembolismo aumentou 9 vezes nos pacientes com todos os factores de risco do CHA2DS2-VASc quando comparados com os pacientes que apresentavam apenas insuficiência cardíaca (um dos factores de risco do escore). Factores de risco como diabetes, idade, doença vascular e história prévia de acidente vascular cerebral (AVC) conferiram um risco independente de evento tromboembólico futuro.

Assim, os autores do estudo concluíram que o escore de risco CHA2DS2-VASc foi capaz de predizer o prognóstico de eventos tromboembólicos em pacientes com insuficiência cardíaca em ritmo sinusal.

Leia o artigo (ABSTRACT)

Comentário

Por: Osvaldo Lourenço, MD

Pacientes com insuficiência cardíaca (IC) em ritmo sinusal têm um risco aumentado de complicações tromboembólicas (trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar e AVC). Pacientes com insuficiência cardíaca que desenvolvem tromboembolismo venoso têm pior prognóstico em relação aos pacientes sem a doença – tanto a TVP o TEP estão associados com aumento significativo da mortalidade e morbidade nesta população; esse risco é ainda maior para pacientes internados. Apesar disso, ainda não existem ferramentas para a estratificação de risco de eventos tromboembólicos, validados, para esses pacientes em ritmo sinusal, o que torna a decisão de iniciar (ou não) o tratamento anti-trombótico difícil em muitos casos, quando levado em consideração o risco de sangramento importante.

O mecanismo fisiopatológico para o aumento do risco de formação de trombo nos pacientes com IC ainda não é bem compreendido. Um dos factores prováveis citados na literatura é a lentificação do fluxo sanguíneo nos átrios e ventrículos geralmente dilatados.

Os factores que se levam em consideração para iniciar anticoagulação são, entre outros, o grau de disfunção e dilatação ventricular, a presença de contraste espontâneo ao ecocardiograma, pacientes acamadados com dificuldade em deambular, a história pregressa de evento tromboembólico, e a presença de outros factores pró-trombóticos.

O presente estudo é, com certeza uma ajuda para os clínicos determinarem quais os pacientes que mais se beneficiariam da anticoagulação. Evidentemente, todos escores de estratificação não substituem o julgamento e bom-cento do clínico. Por exemplo, é necessário pesar o risco de sangramento maior (especialmente intracraniano) nestes pacientes. Algumas ferramentas para definir este risco estão disponíveis, mas apenas validados para pacientes com fibrilação atrial, como o HASBLED.

A profilaxia de tromboembolismo pode ser feito com heparina não fraccionada, heparina de baixo peso molecular (como a enoxaparina) e o fondaparinux.

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[tab title=”Referências” ]

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Especialidades: Cardiologia Palavras-chave: , , , , ,

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