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Prolangamento do Complexo QRS e Mortalidade Cardiovascular em Negros – (Circulation Heart Failure)

O alargamento do QRS no electrocardiograma (que pode corresponder a aumento na duração da despolarização ventricular) está associado à resultados adversos em populações predominantemente brancas, mas o seu significado clínico não está bem estabelecido em outros grupos étnicos. Um estudo recente publicado o Circulation: Heart Failure, investigou a associação entre a duração do QRS e a mortalidade em afro-americanos.

O estudo analisou os ​​dados de 5.146 afro-americanos no Jackson Heart Study, estratificados por duração do QRS de 12 derivações ECG no baseline (inclusão no estudo). Foi definido prolongamento ou alargamento do QRS como QRS≥100 ms. Foi avaliada a associação entre a duração do QRS e mortalidade por todas as causas usando modelos de riscos proporcionais de Cox e determinada a incidência cumulativa de hospitalização por insuficiência cardíaca. Foram identificados os fatores associados com o desenvolvimento de prolongamento QRS em pacientes com QRS basais normais. No início do estudo, 30% (n = 1.528) dos participantes tinham QRS alargado. A incidência cumulativa de mortalidade por insuficiência cardíaca foi maior em indivíduos com alargamento do QRS (12,6%) quando comparados aqueles QRS normal (7,1% ). A incidência cumulativa de hospitalizações também foi maior naqueles com QRS largo (8,2%) em relação aos com QRS estreito (4,4%). Após o ajuste de risco, o alargamento QRS foi associado a um aumento da mortalidade (RR, 1,27; IC=95%, 1,03-1,56; P = 0,02). Foi observada uma relação linear entre a duração do QRS e mortalidade (por cada aumento 10 ms no QRS, o RR foi de 1,06; IC=95%, 1,01-1,12). A idade avançada, sexo masculino, infarto do miocárdio prévio, fracção de ejecção diminuída, hipertrofia ventricular esquerda e dilatação do ventrículo esquerdo foram associados com o desenvolvimento de prolongamento do complexo QRS.

O autores concluem que o alargamento do QRS em afro-americanos foi associado à aumento da mortalidade e hospitalização por insuficiência cardíaca. Factores associados com o desenvolvimento de QRS prolongamento incluíram idade, sexo masculino, infarto do miocárdio prévio, e anormalidades estruturais do ventrículo esquerdo.

Revisão da Literatura

A prevalência da insuficiência cardíaca (IC) vem aumentando nas últimas décadas, não só pelo tratamento mais precoce do infarto agudo do miocárdio, mas também pela maior longevidade da população em muitos países. Os benefícios da melhora sintomática através de medicações são frequentemente interrompidos pela morte súbita. Com isso, é crescente o número de estudos tentando identificar marcadores prognósticos em pacientes com falência cardíaca. Vários factores tem sido estudados, como a FE do ventrículo esquerdo (VE), o electrocardiograma de alta resolução, a presença de arritmias ventriculares, a baixa variabilidade da frequência cardíaca, a dispersão do intervalo QT, o consumo máximo de oxigénio miocárdico, a pressão capilar pulmonar, além dos níveis de catecolaminas plasmáticas, peptídeos atriais e sódio plasmático.

Do ponto de vista electrocardiográfico, na maioria das cardiopatias dilatadas a duração do complexo QRS é um forte marcador prognóstico (representado principalmente pelo bloqueio do ramo esquerdo, BRE). A prevalência do alargamento do QRS pode chegar a 25% da população com IC. Além disso, o grau do prolongamento do QRS é associado com maior disfunção do VE, maior dilatação cavitária e regurgitação mitral de maior monta. Recente estudo conduzido por Sandlhu & Bahler (2004), em 343 pacientes com IC, a FE do VE foi de 41%, 36%, 29% e 25% em pacientes com QRS < 100 ms, 100-119 ms, 120- 149 ms, e ≥ 150 ms, respectivamente. Em outro trabalho, a prevalência da disfunção sistólica (FE < 45%) aumentou de 42% com a duração do QRS < 120 ms para 76% quando o alargamento do QRS era > 150 ms. Silvet et al (2001) identificaram uma relação inversa entre duração do QRS e FE do VE, além de uma relação direta entre duração do QRS e diâmetro diastólico final do VE. A duração do QRS > 120 ms tem mostrado uma especificidade de 99% para o diagnóstico de disfunção do VE, podendo ser um potente marcador de evolução desfavorável.

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[tab title=”Artigo Original” icon=”momizat-icon-file” ]

Ventricular Conduction and Long-Term Heart Failure Outcomes and Mortality in African Americans. Circulation: Heart Failure. 2015; 8: 243-251.

Autores: Robert J. Mentz, MD, Melissa A. Greiner, MS, Adam D. DeVore, MD, Shannon M. Dunlay, MD, MS, Gaurav Choudhary, MD, Tariq Ahmad, MD, MPH, Prateeti Khazanie, MD, MPH, Tiffany C. Randolph, MD, Michael E. Griswold, PhD, Zubin J. Eapen, MD, MHS, Emily C. O’Brien, PhD, Kevin L. Thomas, MD, Lesley H. Curtis, PhD and Adrian F. Hernandez, MD, MHS

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[tab title=”Referências” icon=”steady-icon-book2″ ]

Sandlhu R & Bahler RC (2004). Prevalence of QRS prolongation in a community hospital cohort of patients with heart failure and its relation to ventricular systolic dysfuntion. Am J Cardiol; 93: 244-246

Shenkman HJ, Pampati V, Khandelwal AK, et al (2002). Congestive heart failure and QRS duration. Establishing prognosis study. Chest; 122: 528-534.

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Especialidades: Arrimia , Cardiologia , Insuficiência Cardíaca Palavras-chave: , , , , ,

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